Em Chinampa (let the water lose its still form), Diana Policarpo construiu uma ilha artificial de sons, texturas e direções sobre a Mãe d’Água das Amoreiras, onde há um reservatório cuja água alimentou a cidade no passado e os sons que a acompanhavam na sua viagem retornavam circularmente à ilha, ao tanque do reservatório. Atualmente em desuso, a bacia encontra-se parada, povoada pelos seus próprios ecos.

A composição sonora de Policarpo partiu de gravações no local que seguiram o som à medida que este se movimenta à volta tanto de formas naturais como de superfícies da arquitetura interna da Mãe d’Água, onde o líquido assume a forma da sua envolvente. Chinampa (let the water lose its still form) situa o edifício e o tanque de água como ponto de partida e a captação de frequências audíveis e inaudíveis – os sons da água e a pausa no interior – transpostas para o terraço árido do edifício. A peça transformou as reverberações do tanque, prolongou-as e adensou-as numa assombrosa textura de espaço e de movimento perdido. Ocupando a perspetiva da água, Policarpo usou sobreposições sónicas para construir um “jardim flutuante” sonoro ao ar livre e propôs um corpo insular com a ilusão de volume e movimento.

 

Photos Vera Marmelo. Sound recording Mestre André.