22h

Long Ways, de Rafael Toral, produtor, compositor e intérprete, mais do que uma peça, é um exercício infinito sobre a guitarra eléctrica num quase “não-concerto”. O assunto de Long Ways é o som, ou melhor, a permanência de uma relação. Estar com o som, no espaço. O veículo é a guitarra, que traça um caminho sem direção definida (antes a evita), mantendo contacto com formas segmentadas, originadas em múltiplas culturas do instrumento. Essas formas são unificadas em Long Ways não pela sua função musical, mas por serem formas de fazer soar. Um exercício de vulnerabilidade, que começa e acaba, mas não tem princípio nem fim.

Milky Ways, na segunda parte do concerto, explora o avesso da experiência anterior, preenchendo o espaço, visitando as profundezas e os cumes da matéria sonora. Múltiplas formas também, mas outras e agora em fluxo contínuo a partir do interior do som, tornado experiência sensorial.