A necessidade citadina de espaços de libertação face à pressão quotidiana do trabalho, das construções humanas e do ruído indesejado, faz emergir espaços artificiais onde se tenta replicar uma natureza ideal, o que por si só se torna imediatamente numa contradição. Nesses espaços, opta-se muitas vezes por uma versão alcatifada da realidade, onde as imperfeições são eliminadas, os animais enjaulados, as espécies catalogadas e amontoadas segundo os critérios estéticos que prevalecem nesse tempo. Ainda assim, é nestes espaços que temos o privilégio de estimular os nossos sentidos com odores, formas, cores e sons que raramente recebemos, enquanto seres de cidade, no nosso limitado espaço dominado por paredes e sons automóveis.
Em FAUNA, constrói-se um ecossistema artificial que recria uma vida animal imaginária. Pequenos autómatos musicais habitam dentro de pequenas caixas distribuídas pelo espaço físico da Estufa Fria, emitindo sons, interagindo entre si e complementando musicalmente o espaço sonoro onde estão inseridos.
Os autómatos são controlados por um conjunto de microprocessadores, programados para induzirem instruções a vários tipos de atuadores mecânicos que irão ser traduzidas em ações musicais. Na base do funcionamento deste ecossistema, estão algoritmos que recriam processos naturais, tais como dados estatísticos de crescimento de populações, fractais ou algoritmos genéticos.

 

Photos Vera Marmelo. Sound recording Mestre André.