Compasso Incerto é um habitáculo instável, tornado objeto sonoro pela ativação do público que o explora. A capacidade de equilíbrio e força de cada utilizador são as ferramentas que tornam única tanto a experiência como a composição sonora, que reage apenas ao corpo humano e ao seu próprio movimento, ritmo e destreza. Trabalhar questões de balanço, equilíbrio e suspensão são temáticas recorrentes no trabalho do Colectivo Suspeito, temas que usam para falar de forma análoga sobre o mundo em que vivemos: um mundo global, que vive em ritmo apressado, com movimentos em massa constantes e onde, por diversas razões, o ímpeto do consumo não deixa espaço para momentos de pausa, de solitude, de conexão com o nosso íntimo e com o que nos rodeia, de contacto com a natureza e as partes cruas do mundo. Num mundo cada vez mais acelerado e artificializado, propõe-se com este objeto um momento de pausa no ritmo frenético do quotidiano, para usufruir de um dispositivo que podia ter sido construído no tempo em que as distâncias se mediam pelos dias necessários à viagem.

 

Photos Vera Marmelo. Sound recording Mestre André. Video Joana Linda.

 

* Enquanto agentes culturais, sentimos na pele a responsabilidade de continuar a dar espaço à criação contemporânea e contribuir para atenuar os efeitos avassaladores que a pandemia teve no sector cultural, profundamente massacrado com esta situação. Por isso, o Lisboa Soa abriu uma open call para artistas residentes em Portugal para criação de instalações e esculturas sonoras adaptadas ou criadas especificamente para o festival, tendo atribuído seis bolsas de 1500 €.

O tema que deu o mote a esta chamada foi A Viagem.