Intervenção pública no Jardim do Torel, em Lisboa, composta por uma série de captadores eólicos suspensos, a ativar pela força e movimento do vento. A imprevisibilidade do ar, meio e fluido gasoso que respiramos e nos envolve continuamente, e a aleatoriedade das condições meteorológicas que se farão sentir entre 24 e 27 de setembro, vão provocar tintinabulações e ressoares vários ao longo de cada dia para espantar os espíritos, em comunidade com as massas de ar que se deslocam pela encosta; e, em contraponto com o distanciamento social decretado durante este período de crise de saúde pública — resultado de crises de várias ordens, ambiental, zoonótica, económica e social. Na senda dos furin (sinos de vento) que todos os verões são colocados ao longo de ruas das cidades quentes e húmidas do Japão meridional – por considerarem o som que produzem “refrescante” e capaz de baixar a sensação térmica – estas esculturas em metal vão adicionar um novo corpo de ondas sonoras ao meio invisível que nos toca, com o qual trocamos e nos envolvemos o tempo todo.
Photos Vera Marmelo. Sound recording Mestre André. Video Joana Linda.
* Enquanto agentes culturais, sentimos na pele a responsabilidade de continuar a dar espaço à criação contemporânea e contribuir para atenuar os efeitos avassaladores que a pandemia teve no sector cultural, profundamente massacrado com esta situação. Por isso, o Lisboa Soa abriu uma open call para artistas residentes em Portugal para criação de instalações e esculturas sonoras adaptadas ou criadas especificamente para o festival, tendo atribuído seis bolsas de 1500 €.
O tema que deu o mote a esta chamada foi A Viagem.