Na voz de Clothilde, as máquinas ganham um novo sentido, o tom, as pausas, descrevem uma empatia única com elas, em simultâneo fica a sensação de que Clothilde e elas – as máquinas – são um ser único que, quando em funcionamento, se deixam dominar por uma certa imprevisibilidade do momento. Ambos sabem como e para onde ir, mas as formas e cores para se lá chegar parecem ser sempre desconhecidas. E é nesse vazio de resposta que Clothilde e as suas máquinas modelares aperfeiçoam o lado primitivo da exploração e criação na eletrónica, trabalhando a sensibilidade e a curiosidade do ouvinte. “Twitcher” (Labareda, 2018) e “Os Princípios do Novo Homem” (Holuzam, 2021) oferecem coordenadas para a intensidade da procura da realidade: som puro, orgânico e claro.